domingo, 20 de março de 2011

Púrpura de Henoch-Schönlein

- É uma vasculite de pequenos vasos com acometimento preferencial pela pele, rins, articulações e trato gastrintestinal;
- Frequentemente se inicia após uma infecção de vias aéreas superiores;
- Manifestações Clínicas: podem aparecer de forma abrupta ou de forma mais lenta (semanas ou meses):
  • Pele: surgem lesões maculopapulares róseas que desaparecem à digitopressão, que progridem para petéquias e púrpuras (pápulas elevadas agrupadas que podem ser vermelhas, roxas ou marrons). As lesões surgem principalmente em couro cabeludo, dorso, nádegas, pés, mãos, pálpebras, lábios e escroto;
  • Artrite: ocorre em 2/3 dos pacientes, em especial em joelhos e tornozelos, dura poucos dias e desaparece sem deixar sequelas;
  • Trato Gastrintestinal: dor abdominal tipo cólica, aumento dos linfonodos mesentéricos, edema e até hemorragia de alça (e em alguns casos perfuração de alça e intussuscepção íleo-ileal). Pode haver hepatoesplenomegalia;
  • Rins: 25 a 50% dos pacientes terá comprometimento renal. Pode ocorrer síndrome nefrítica, nefrótica ou mesmo insuficiência renal aguda. A nefrite costuma aparecer cerca de 1 a 3 semanas após a infecção das vias aéreas superiores.
- Diagnóstico: normalmente é clinico. Pode ocorrer trombocitose, leucocitose e anemia discreta. O VHS está elevado. A confirmação diagnóstica é feita através de biópsia da pele;
- Tratamento: normalmente feito com analgésicos. Em alguns casos, corticoterapia é indicada;
- Prognóstico: tem bom prognóstico.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Doença de Kawasaki: infarto do miocárdio em crianças?

- Também chamada febre faringo-conjuntival-exantemática;
- É uma doença exantemática reumatológica;
- Sua origem é desconhecida, embora estudos recentes apontem uma provável causa infecciosa;
- Mais comum em pacientes asiáticos;
- 80% dos casos ocorrem em menores de 5 anos de idade;
- É uma vasculite necrosante de artérias de vários calibres, com predileção pelas artérias coronárias (que irrigam o coração), podendo levar a complicações cardíacas permanentes e progressivas;
- Apresentação Clínica: existem 4 fases:
  • Fase Aguda (10 dias): febre elevada, que pode durar, sem tratamento, até 4 semanas. Hiperemia (vermelhidão) da conjuntiva ocular bilateral e não exsudativa (não produz "remela"). Língua em morango, eritema (vermelhidão) e fissura em lábios, mas sem ulceração. Eritema e edema em mãos e pés. Rash cutâneo: maculopapular, eritema multiforme ou escarlatiniforme. Linfadenite ("íngua") cervical unilateral e maior do que 1,5cm de diâmetro. Descamação perineal. Ocorre aumento de VHS e do PCR e leucocitose com neutrofilia. Outras: miocardite, pericardite, artrite, hepatite e meningite asséptica;
  • Fase Subaguda (11 a 21 dias): diminuição da febre e dos outros sintomas. Persiste irritabilidade e anorexia. Aneurismas coronarianos podem começar a se desenvolver. Ocorre descamação periungueal e trombocitose;
  • Fase de Convalescência (21 a 60 dias): pode persistir a conjuntivite e a trombocitose. Infartos miocárdicos podem acontecer a partir dessa fase;
  • Crônica (mais de 60 dias): pode haver angina no peito, estenose coronariana e insuficiência miocárdica.
- Diagnóstico: baseado nos critérios abaixo:
  • Febre alta por, no mínimo, 5 dias (critério obrigatório);
  • Mais 4 critérios dos apresentados a seguir: 1. edema e eritema de mãos e pés ou descamação periungueal em 2 a 3 semanas de doença; 2. Rash polimórfico; 3. Conjuntivite bilateral bulbar não exsudativa; 4. Mudanças nos lábios e boca: eritema, fissura, língua em morango; 5. Linfadenopatia cervical;
  • Existe uma forma de apresentação chamada de incompleta ou atípica, em que o paciente não apresenta todos os sintomas acima descritos.
- Laboratório: hemograma (anemia normocítica e normocrômica; leucocitose discreta com predomínio de neutrófilos; aumento do número de plaquetas, podendo atingir mais de 1.000.000/mm cúbicos), aumento de VHS e PCR, piúria estéril, transaminases levemente aumentadas, ecocardiograma (usado para o diagnóstico de aneurismas de artérias coronárias; deve ser realizado na fase aguda e cerca de 2 a 3 semanas após);
- Tratamento: requer internação hospitalar. Normalmente realizado com imunoglobulina venosa e AAS. Em casos graves, pode-se fazer necessário o uso de fibrinolíticos e outros anti-agregantes plaquetários.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sarampo

- Também conhecida como "primeira doença";
- Causada por um vírus;
- Desde a introdução da vacina, em 1963, os casos de sarampo diminuíram drasticamente;
- No Brasil, o sarampo encontra-se erradicado desde o ano 2000. Entretanto, eventualmente surgem casos de sarampo no Brasil, alguns contraídos dentro do país e outros adquiridos no exterior;
- Transmissão: através de pequenas gotículas de secreção respiratória, que ficam viáveis no ar até por uma hora;
- O período de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa seja contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas é de 8 a 12 dias;
- Manifestações Clínicas:
  • Fase Prodrômica (dura de 2 a 4 dias): febre, conjuntivite, fotofobia (intolerância á luz), tosse, enantema. O enantema é caracterizado pelas manchas de Koplik, que estão presentes em cerca de 50 a 70% dos casos. Tratam-se de pequenas manchas brancas com halo avermelhado visualizadas na face interna das bochechas na altura dos dentes pré-molares. Podem disseminar-se pelo palato, lábios e gengivas. Lesões semelhantes podem estar presentes nas conjuntivas e na mucosa vaginal;
Mancha de Koplik. Foto retirada de: http://visualsunlimited.photoshelter.com/image/I0000gpV0cFhI1h0
  • Fase Exantemática (dura cerca de 7 dias): o rash caracteriza-se por lesões maculopapulares avermelhadas que começam na fronte (ao redor da linha de implantação dos cabelos), próximas às orelhas e no pescoço. Dissemina-se então pelo dorso, extremidades, solas dos pés e plantas das mãos. Com o início do rash os outros sintomas começam a diminuir. O doente transmite o sarampo 3 dias ANTES do surgimento do rash e permanece até 4 a 6 dias APÓS;
Foto retirada de: http://lynnp.atlblogs.com/archives/2007_09.html
Foto retirada de: http://www.thehealthblog.net/kids-health/measles-beware/
  • Fase de Recuperação: o rash desaparece seguindo-se fina descamação da pele. A tosse é o último sintoma a desaparecer. Surgem linfadenomegalias ("ínguas").
- Laboratório: redução global da leucometria, mais acentuada de linfócitos. O PCR e VHS são normais, a não ser que haja complicação bacteriana associada;
- Diagnóstico: dosagem de IgM (positiva um a dois dias após surgimento do rash e assim permanece por 1 mês. O aumento de cerca de 4 vezes o título de IgG também auxilia no diagnóstico, e pode ser realizada 2 a 4 semanas após a fase de recuperação. Em alguns casos pode ser necessário o isolamento de partículas virais ou PCR;
- Complicações: pneumonia, bronquiolite, traqueíte, crupe, otite média aguda, rinossinusite, mastoidite, reativação de focos de tuberculose pulmonar, diarréia, vômitos, apendicite, convulsões, encefalite, formas graves do sarampo (sarampo hemorrágico ou sarampo negro), panencefalite esclerosante subaguda (PEES);
- Tratamento: sintomáticos. Imunocomprometidos podem necessitar de antivirais e imunoglobulina;
- Profilaxia: a vacina anti-sarampo pode ser administrada até 72 horas após o contato, no intuito de se evitar a contaminação. Lactentes menores de 6 meses, gestantes, imunocomprometidos e contactantes intradomiciliares suscetíveis podem receber a imunoglobulina.

Observação: no dia 15 de março de 2011 foi confirmado o primeiro caso de sarampo do ano. O paciente, um senhor de 41 anos, morador de Campinas-SP, foi contaminado em viagem à Orlando, nos Estados Unidos, em janeiro passado. A Secretaria de Saúde paulista está convocando para vacinação contra o sarampo as pessoas que vão viajar ao exterior ou a outros estados, caso ainda não tenham sido imunizadas. Além dos viajantes, devem tomar a vacina os profissionais que atuam no setor de turismo, como motoristas de táxi, funcionários de hotéis e restaurantes, e outros que mantenham contato com turistas no estado. Também devem tomar uma dose da vacina profissionais de saúde e de educação. Quem viajou deve ficar atento aos sintomas da doença.

Enteroviroses

- São causadas por vírus, sendo os principais grupos:
  • Poliovirus 1, 2 e 3: não serão descritos aqui porque são os causadores da poliomielite ou paralisia infantil;
  • Coxsackie A e B;
  • Echovirus;
  • Enterovirus.
- São vírus muito comuns e circulam durante todo o ano em países semi-tropicais;
- Transmissão: através das fezes, saliva, secreções respiratórias, fômites, transplacentária ou durante o trabalho de parto;
- O período de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa seja contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 3 a 6 dias;
- Manifestações Clínicas: são muito variáveis, podendo causar desde infecções assintomáticas até quadros graves:
  • Doença Febril Inespecífica: é a forma clínica mais frequente. Comum em lactentes e crianças pequenas. Dura cerca de 7 dias. Manifesta-se por febre alta (39 a 40o.C) durante 3 dias, associada a mal-estar, irritabilidade, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal e sintomas respiratórios. Pode ser acompanhada de rash maculopapular, urticariforme, petequial ou vesicular;
  • Doença Mão-Pé-Boca: febre baixa e presença de vesículas em lábios, gengivas, mucosa jugal, tonsilas faríngeas e palato. Associa-se rash maculopapular, vesicular ou pustular localizados em mãos, pés e nádegas, levemente dolorosos;

Aspecto da mão na Doença Mão-Pé-Boca. Foto retirada de: http://cantinhodaenfermeiraregina.blogspot.com/2010/11/sindrome-mao-pe-boca.html

  • Herpangina: febre alta (até 41o.C), que dura 1 a 4 dias, associada a dor de garganta e dor ao deglutir. Associam-se vesículas ou úlceras (aproximadamente 5 lesões) em orofaringe posterior. Em 25% dos casos, pode haver vômitos e dor abdominal;
  • Manifestações Respiratórias: coriza, obstrução nasal, espirros, dor de garganta e broncoespasmo;
  • Conjuntivite Aguda Hemorrágica: frequente em escolares e adolescentes. Manifesta-se com hiperemia conjuntival, visão borrada, fotofobia (intolerância à luz) e lacrimejamento. Apresenta secreção conjuntival serosa (mucopurulenta quando associada a infecção bacteriana secundária);
  • Miocardite e Pericardite: responsáveis por 25 a 30% dos casos, em especial em adolescentes e adultos jovens. Inicia-se com sintomas respiratórios e posteriormente evolui com fadiga, dispnéia (falta de ar), taquipnéia (aumento da frequência respiratória), dor torácica, arritmias e insuficiência cardíaca congestiva;
  • Manifestações Neurológicas: meningite viral (responsável por 90% dos casos, em especial em menores de 3 meses) e encefalite (responsável por 10 a 20% das encefalites virais).
- Diagnóstico: o da Doença Mão-Pé-Boca é clínico. As demais formas podem necessitar de métodos de cultura viral;
- Prevenção: lavar as mãos e evitar compartilhar utensílios (copos, colheres etc).

domingo, 13 de março de 2011

Síndrome da Mononucleose Infecciosa ou "Doença do Beijo"

- 90% dos casos de Mononucleose Infecciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB). Os 10% restantes podem ser provocados pelos mesmos agentes causadores da citomegalovirose, toxoplasmose, rubéola, hepatite, HIV e adenovirose;
- Considera-se que cerca de 95% da população mundial já foi acometida pelo VEB;
- Normalmente assintomática ou inespecífica em menores de 4 anos de idade;
- Porém, em cerca de 50% dos casos, quando acomete adolescentes e adultos jovens, a doença se apresenta em sua forma clássica (e que dura, em média, 2 a 4 semanas):
  • Inicia-se com mal-estar, fraqueza, febre, dor de garganta, dor abdominal, dor muscular e náuseas que duram cerca de 1 a 2 semanas;
  • As tonsilas palatinas ("amígdalas") aumentam de tamanho, ficam hiperemiadas ("vermelhas"), com petéquias em palato e exsudato fibrinopurulento. 90% dos pacientes apresentam linfadenomegalia ("ínguas") em pescoço, embaixo do queixo, nas axilas, virilhas e até nos cotovelos. 50% dos pacientes apresentam um aumento no tamanho do baço e 10% apresentam aumento no tamanho do fígado. Pode haver edema ("inchaço") nas pálpebras. 3 a 15% dos pacientes apresenta um rash maculopapular eritematoso. Em 80% dos casos, o rash surge após o início do uso de antibióticos (ampicilina/amoxicilina).


Foto retirada de: http://www.webmd.com/skin-problems-and-treatments/picture-of-infectious-mononucleosis

 - Transmissão: contato com gotículas de saliva e intercurso sexual. Uma vez contaminada, a pessoa pode transmitir o vírus de forma intermitente;
- Laboratório: caracterizado por leucocitose (10.000 a 20.000 células/mm cúbico), com 20 a 40% de linfócitos atípicos. Há leve trombocitopenia (50.000 a 200.000 plaquetas/mm cúbico). Em metade dos casos, há aumento das enzimas hepáticas;
- Diagnóstico: pesquisa de anticorpos IgM pelo Teste de Paul-Bunnel-Davidsohn; IgM e IgG anti-VCA e anti-EBNA;
- Complicações: sintomas neurológicos (cefaléia, convulsões, ataxia cerebelar, metamorfopsia), obstrução de vias aéreas superiores, anemia hemolítica, ruptura do baço;
- O VEB está relacionado ao potencial desenvolvimento de desordens linfoproliferativas (câncer de nasofaringe, linfoma de Burkitt e síndrome de Duncam);
- Tratamento: hidratação, antipiréticos, repouso, evitar esportes de contato corporal e atividades esportivas por 2 a 3 semanas (pelo risco de ruptura do baço). Em alguns casos pode ser necessário o uso de corticóides.

sábado, 12 de março de 2011

Escarlatina

- Também conhecida como "segunda doença";
- Doença bacteriana causada pelo Streptococcus pyogenes;
- A escarlatina é uma complicação imediata da faringite estreptocócica;
- Acomete normalmente crianças a adolescentes entre 3 e 15 anos. Pode ocorrer em qualquer parte do ano, sendo predominante no inverno e primavera;
- Transmissão: dá-se por via aérea, pelas gotículas de secreção respiratória;
- O tempo de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa seja contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 2 e 5 dias;
- Clínica: ocorre vermelhidão na faringe e nas tonsilas. Em 50% dos casos, surgem pequenas placas esbranquiçadas na faringe posterior e/ou nos pilares amigdalianos; petéquias no palato e hiperemia e edema da úvula podem ocorrer. A língua adquire uma superfície com papilas proeminentes, inicialmente com uma superfície branca de permeio ("língua em morango branco"). Por volta do terceiro dia, a língua adquire intenso brilho vermelho ("língua em morango vermelho"). Pode haver adenopatia ("'ínguas") no pescoço. Um a dois dias após o início dos sintomas da faringite surge o rash, inicialmente no tórax e depois no restante do tronco, pescoço e membros, poupando a região palmo-plantar. O exantema é formado por pápulas ("caroços") eritematosas puntiformes bem próximas umas das outras, tornando a pele áspera, semelhante a uma lixa. Um discreto rubor facial é marcado por uma nítida palidez peri-bucal ("em volta da boca"), sendo esse achado chamado "sinal de Filatov". Nas pregas flexoras cutâneas (por exemplo na "dobra do braço"), o exantema se intensifica, sendo esse achado chamado "sinal de Pastia". O exantema desaparece após 7 dias, deixando descamação lamelar, incluindo a face e a região palmo-plantar;

Exantema ou Rash
Placas na orofaringe. Foto retirada de: emedicine.medscape.com/article/785981-overview>
Língua em morango branco. Foto retirada de: sitemaker.umich.edu/mc3/duong>
Língua em morango vermelho. Foto retirada de: inoutstar.com/image-detail/The-Whys-and-Hows-of-Scarlet-Fever-6464-2256.html>
Sinal de Filatov. Foto retirada de: sarasota.k12.fl.us/schoolhealth/Communicable%20Diseases.htm>
Descamação lamelar. Foto retirada de: skinsight.com/infant/scarletFever.htm>.

- Diagnóstico: basicamente clínico. Nos casos de dúvida, pode ser confirmado pela cultura de secreção da orofaringe. Os testes rápidos de detecção de antígeno também podem ser usados. O aumento dos títulos dos anticorpos estreptocócicos (ASO e Anti-DNAse B) entre a fase aguda e a convalescença também é útil na confirmação da infecção. Um aumento de 2 vezes ou mais na titulação é um indício favorável à ocorrência da infecção;
- Laboratório: pode haver leucocitose com desvio à esquerda;
- Tratamento: realizado com antibióticos.

Eritema Infeccioso

- Também conhecida com a "quinta-doença";
- Causado pelo vírus Parvovírus B19;
- Doença muito frequente;
- Vacina: não existe;
- Acomete crianças e adolescentes entre 5 a 15 anos. Pode ocorrer infecção fetal;
- Transmissão: através de gotículas de secreções do nasofaringe. Há relatos de transmissão sanguínea, principalmente em pacientes hemofílicos que recebem fatores de coagulação;
- O tempo de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa tenha sido contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 16 e 17 dias;
- Sintomas: muitas infecções por parvovírus B19 são assintomáticas. Nas sintomáticas, ocorrem duas fases: a primeira, cerca de 7 a 11 dias após o contato, com febre baixa, mal-estar, dor de cabeça, sintomas de IVAS (resfriado) e linfadenopatia ("'ínguas"); a segunda, cerca de 17 a 18 dias após o contato, com o surgimento do rash (exantema) e da artralgia. O rash evolui em 3 fases: na primeira ocorre exantema na face, mais intenso nas regiões maxilares, com aspecto de "bochecha esbofeteada"; na segunda ocorre disseminação do rash eritematoso para tronco e extremidades proximais (superfície extensora). Há um clareamento central das manchas, dando-lhes um aspecto rendilhado. Pode haver leve prurido (coceira). O rash resolve-se sem descamação; na terceira fase pode ocorrer recidiva do rash em 1 a 3 semanas, principalmente após exposição ao sol, calor, estresse e atividade física. A artropatia pode se manisfestar como artralgia ou mesmo artrite franca, geralmente de mãos, punhos, joelhos e tornozelo;

A foto foi retirada do site: < http://bdigital.ces.edu.co:8080/dspace/handle/123456789/184?mode=full>
- Os infectados, quando na fase do rash, já não transmitem a doença;
- Complicações/Outras Manifestações: crise aplástica transitória, anemia crônica, miocardite, meningite asséptica e síndrome de "luvas e meias";
- Diagnóstico: na maioria dos casos é feita clinicamente. Pode ser solicitada a sorologia para IgM, que surge logo após o início das manifestações clínicas e permanece elevado por 6 a 8 semanas;
- Tratamento: não existe tratamento específico. Pacientes imunodeprimidos poder ser tratados com imunoglobulina;
- As crianças com anemia aplástica devem ser isoladas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Março é o mês ideal para vacinar as crianças maiores de 6 meses de vida contra a gripe.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Rubéola

- Também chamada "terceira-doença";
- Causada por um vírus;
- Vacina: todas as crianças recebem do governo brasileiro  vacina contra a Rubéola, que é aplicada juntamente com a vacina contra o Sarampo e a Caxumba (SRC ou MMR), com 1 ano de idade.  O reforço da vacina é realizado entre 4 e 6 anos de idade;
- Após a introdução da vacina, os casos ocorrem mais comumente em maiores de 19 anos de idade;
- Transmissão: através de gotículas de saliva ou secreção respiratória. O doente transmite a rubéola 5 dias ANTES do surgimento do rash até 6 dias APÓS o surgimento do rash;
- O tempo de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa tenha sido contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 14 e 21 dias;
- Clínica: inicia-se com febre baixa, dor de garganta, conjuntivite, dor de cabeça, mal-estar, falta de apetite e linfadenomegalia ("ínguas"), em especial suboccipital (nuca), pós-auricular (atrás das orelhas) e cervical anterior (no pescoço). Surge então o rash maculopapular róseo, irregular,  que se inicia na face e pescoço e dissemina-se para tronco e extremidades. O rash dura cerca de 3 dias e desaparece sem descamar. 25% a 40% dos pacientes podem apresentar a rubéola SEM apresentar o rash;


- Laboratório: há leucopenia, neutropenia e trombocitopenia leves;
- Diagnóstico: pode ser realizado pela detecção de IgM específica, até 28 dias após o início do rash;
- Complicações: raras. Pode acontecer trombocitopenia mais intensa, artrite, encefalite e panencefalite progressiva;
- Tratamento: feito com analgésicos e antipiréticos. Nos casos de trombocitopenias graves, corticóides e imunoglobulinas podem ser indicados.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Especial sobre Comprimento/Estatura - 0 a 5 Anos

- Em 2006 a OMS – Organização Mundial de Saúde lançou as novas curvas de crescimento de crianças entre 0 e 5 anos de idade. Antes disso, várias curvas de crescimento eram utilizadas pelos profissionais de saúde. Uma das mais difundidas era a curva do NCHS – National Center for Health Statistics, um ramo do CDC – Centers for Disease Control and Prevention, órgão norte-americano sediado em Atlanta. Várias críticas eram feitas sobre este modelo:
          - Eram curvas criadas usando apenas crianças norte-americanas como padrão, portanto, poderiam ser usadas para se avaliar crianças de todos os outros países do mundo, com padrões genéticos e realidades sócio-econômicas tão diferentes?
          - Além disso, considerava como padrão crianças que recebiam alimentação através de fórmulas infantis (não eram amamentadas ao seio materno). Atualmente sabe-se que as crianças que recebem fórmulas infantis apresentam pesos mais elevados do que as que são amamentadas ao seio.
- Em 2006, houve então o lançamento das novas curvas da OMS. Foram inovadoras porque consideraram como padrão crianças de seis países: Brasil, Gana, Índia, Noruega, Omã e Estados Unidos da América. O estudo foi iniciado em 1997 e concluído em 2003 e foram avaliadas 8440 crianças. Para participarem do estudo, as mães não poderiam fumar durante ou após a gestação e deveriam garantir acompanhamento de saúde para os filhos participantes. As crianças deveriam ser amamentadas SOMENTE ao seio materno, ter bons hábitos alimentares e realizarem a prevenção e o controle de doenças. Foram criadas várias curvas, porém, as mais utilizadas são as de peso e estatura/altura para a idade, perímetro cefálico para a idade e IMC – índice de massa corporal para a idade.
- As curvas da OMS – 2006 são as utilizadas nas novas Cadernetas de Saúde da Criança (Brasil, Ministério da Saúde, 2009).
- Os valores são válidos para crianças nascidas a termo, ou seja, com 37 semanas ou mais de gestação.
- Até os 2 anos de idade as crianças são medidas deitadas. Crianças com 2 anos ou mais devem ser medidas de pé. 
- Vale lembrar que a análise da saúde ponderal da criança passa por outras questões. Não basta a criança estar dentro da “área verde” da curva de crescimento. Deve-se levar em conta o ganho de altura em determinado período de tempo, conforme esquema abaixo: 
          - 0 a 3 meses: 8 a 9 cm (no total);
          - 3 a 6 meses: 6 a 7 cm (no total);
          - 6 a 12 meses: 10 cm (no total);
          - Entre 2 e 5 anos: 7 cm por ano;
          - Entre 6 e 12 anos: 6 cm por ano;
          - Puberdade Feminina: 8 a 10 cm por ano;
          - Puberdade Masculina: 10 a 12 cm por ano.

Meninas – 0 a 5 Anos, segundo OMS (2006)
Idade
(meses)
Comprimento/
Estatura Muito Baixo para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Baixo para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Adequado para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Elevado para a Idade (cm)
0
< 43,6
43,6 a 45,3
45,4 a 52,9
> 52,9
1
< 47,8
47,8 a 49,7
49,8 a 57,6
> 57,6
2
< 51
51 a 52,9
53 a 61,1
> 61,1
3
< 53,5
53,5 a 55,5
55,6 a 64
> 64
4
< 55,6
55,6 a 57,7
57,8 a 66,4
> 66,4
5
< 57,4
57,4 a 59,5
59,6 a 68,5
> 68,5
6
< 58,9
58,9 a 61,1
61,2 a 70,3
> 70,3
7
< 60,3
60,3 a 62,6
62,7 a 71,9
> 71,9
8
< 61,7
61,7 a 63,9
64 a 73,5
> 73,5
9
< 62,9
62,9 a 65,2
65,3 a 75
> 75
10
< 64,1
64,1 a 66,4
66,5 a 76,4
> 76,4
11
< 65,2
65,2 a 67,6
67,7 a 77,8
> 77,8
12
< 66,3
66,3 a 68,8
68,9 a 79,2
> 79,2
13
< 67,3
67,3 a 69,9
70 a 80,5
> 80,5
14
< 68,3
68,3 a 70,9
71 a 81,7
> 81,7
15
< 69,3
69,3 a 71,9
72 a 83
> 83
16
< 70,2
70,2 a 72,9
73 a 84,2
> 84,2
17
< 71,1
71,1 a 73,9
74 a 85,4
> 85,4
18
< 72
72 a 74,8
74,9 a 86,5
> 86,5
19
< 72,8
72,8 a 75,7
75,8 a 87,6
> 87,6
20
< 73,7
73,7 a 76,6
76,7 a 88,7
> 88,7
21
< 74,5
74,5 a 77,4
77,5 a 89,8
> 89,8
22
< 75,2
75,2 a 78,3
78,4 a 90,8
> 90,8
23
< 76
76 a 79,1
79,2 a 91,9
> 91,9
24
< 76,7
76,7 a 79,9
80 a 92,9
> 92,9
25
< 76,8
76,8 a 79,9
80 a 93,1
> 93,1
26
< 77,5
77,5 a 80,7
80,8 a 94,1
> 94,1
27
< 78,1
78,1 a 81,4
81,5 a 95
> 95
28
< 78,8
78,8 a 82,1
82,2 a 96
> 96
29
< 79,5
79,5 a 82,8
82,9 a 96,9
> 96,9
30
< 80,1
80,1 a 83,5
83,6 a 97,7
> 97,7
31
< 80,7
80,7 a 84,2
84,3 a 98,6
> 98,6
32
< 81,3
81,3 a 84,8
84,9 a 99,4
> 99,4
33
< 81,9
81,9 a 85,5
85,6 a 100,3
> 100,3
34
< 82,5
82,5 a 86,1
86,2 a 101,1
> 101,1
35
< 83,1
83,1 a 86,7
86,8 a 101,9
> 101,9
36
< 83,6
83,6 a 87,3
87,4 a 102,7
> 102,7
37
< 84,2
84,2 a 87,9
88 a 103,4
> 103,4
38
< 84,7
84,7 a 88,5
88,6 a 104,2
> 104,2
39
< 85,3
85,3 a 89,1
89,2 a 105
> 105
40
< 85,8
85,8 a 89,7
89,8 a 105,7
> 105,7
41
< 86,3
86,3 a 90,3
90,4 a 106,4
> 106,4
42
< 86,8
86,8 a 90,8
90,9 a 107,2
> 107,2
43
< 87,4
87,4 a 91,4
91,5 a 107,9
> 107,9
44
< 87,9
87,9 a 91,9
92 a 108,6
> 108,6
45
< 88,4
88,4 a 92,4
92,5 a 109,3
> 109,3
46
< 88,9
88,9 a 93
93,1 a 110
> 110
47
< 89,3
89,3 a 93,5
93,6 a 110,7
> 110,7
48
< 89,8
89,8 a 94
94,1 a 111,3
> 111,3
49
< 90,3
90,3 a 94,5
94,6 a 112
> 112
50
< 90,7
90,7 a 95
95,1 a 112,7
> 112,7
51
< 91,2
91,2 a 95,5
95,6 a 113,3
> 113,3
52
< 91,7
91,7 a 96
96,1 a 114
> 114
53
< 92,1
92,1 a 96,5
96,6 a 114,6
> 114,6
54
< 92,6
92,6 a 97
97,1 a 115,2
> 115,2
55
< 93
93 a 97,5
97,6 a 115,9
> 115,9
56
< 93,4
93,4 a 98
98,1 a 116,5
> 116,5
57
< 93,9
93,9 a 98,4
98,5 a 117,1
> 117,1
58
< 94,3
94,3 a 98,9
99 a 117,7
> 117,7
59
< 94,7
94,7 a 99,4
99,5 a 118,3
> 118,3
60
< 95,2
95,2 a 99,8
99,9 a 118,9
> 118,9









Meninos – 0 a 5 Anos, segundo OMS (2006)
Idade
(meses)
Comprimento/
Estatura Muito Baixo para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Baixo para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Adequado para a Idade (cm)
Comprimento/
Estatura Elevado para a Idade (cm)
0
< 44,2
44,2 a 46
46,1 a 53,7
> 53,7
1
< 48,9
48,9 a 50,7
50,8 a 58,6
> 58,6
2
< 52,4
52,4 a 54,3
54,4 a 62,4
> 62,4
3
< 55,3
55,3 a 57,2
57,3 a 65,5
> 65,5
4
< 57,6
57,6 a 59,6
59,7 a 68
> 68
5
< 59,6
59,6 a 61,6
61,7 a 70,1
> 70,1
6
< 61,2
61,2 a 63,2
63,3 a 71,9
> 71,9
7
< 62,7
62,7 a 64,7
64,8 a 73,5
> 73,5
8
< 64
64 a 66,1
66,2 a 75
> 75
9
< 65,2
65,2 a 67,4
67,5 a 76,5
> 76,5
10
< 66,4
66,4 a 68,6
68,7 a 77,9
> 77,9
11
< 67,6
67,6 a 69,8
69,9 a 79,2
> 79,2
12
< 68,6
68,6 a 70,9
71 a 80,5
> 80,5
13
< 69,6
69,6 a 72
72,1 a 81,8
> 81,8
14
< 70,6
70,6 a 73
73,1 a 83
> 83
15
< 71,6
71,6 a 74
74,1 a 84,2
> 84,2
16
< 72,5
72,5 a 74,9
75 a 85,4
> 85,4
17
< 73,3
73,3 a 75,9
76 a 86,5
> 86,5
18
< 74,2
74,2 a 76,8
76,9 a 87,7
> 87,7
19
< 75
75 a 77,6
77,7 a 88,8
> 88,8
20
< 75,8
75,8 a 78,5
78,6 a 89,8
> 89,8
21
< 76,5
76,5 a 79,3
79,4 a 90,9
> 90,9
22
< 77,2
77,2 a 80,1
80,2 a 91,9
> 91,9
23
< 78
78 a 80,9
81 a 92,9
> 92,9
24
< 78,7
78,7 a 81,6
81,7 a 93,9
> 93,9
25
< 78,6
78,6 a 81,6
81,7 a 94,2
> 94,2
26
< 79,3
79,3 a 82,4
82,5 a 95,2
> 95,2
27
< 79,9
79,9 a 83
83,1 a 96,1
> 96,1
28
< 80,5
80,5 a 83,7
83,8 a 97
> 97
29
< 81,1
81,1 a 84,4
84,5 a 97,9
> 97,9
30
< 81,7
81,7 a 85
85,1 a 98,7
> 98,7
31
< 82,3
82,3 a 85,6
85,7 a 99,6
> 99,6
32
< 82,8
82,8 a 86,3
86,4 a 100,4
> 100,4
33
< 83,4
83,4 a 86,8
86,9 a 101,2
> 101,2
34
< 83,9
83,9 a 87,4
87,5 a 102
> 102
35
< 84,4
84,4 a 88
88,1 a 102,7
> 102,7
36
< 85
85 a 88,6
88,7 a 103,5
> 103,5
37
< 85,5
85,5 a 89,1
89,2 a 104,2
> 104,2
38
< 86
86 a 89,7
89,8 a 105
> 105
39
< 86,5
86,5 a 90,2
90,3 a 105,7
> 105,7
40
< 87
87 a 90,8
90,9 a 106,4
> 106,4
41
< 87,5
87,5 a 91,3
91,4 a 107,1
> 107,1
42
< 88
88 a 91,8
91,9 a 107,8
> 107,8
43
< 88,4
88,4 a 92,3
92,4 a 108,5
> 108,5
44
< 88,9
88,9 a 92,9
93 a 109,1
> 109,1
45
< 89,4
89,4 a 93,4
93,5 a 109,8
> 109,8
46
< 89,8
89,8 a 93,9
94 a 110,4
> 110,4
47
< 90,3
90,3 a 94,3
94,4 a 111,1
> 111,1
48
< 90,7
90,7 a 94,8
94,9 a 111,7
> 111,7
49
< 91,2
91,2 a 95,3
95,4 a 112,4
> 112,4
50
< 91,6
91,6 a 95,8
95,9 a 113
> 113
51
< 92,1
92,1 a 96,3
96,4 a 113,6
> 113,6
52
< 92,5
92,5 a 96,8
96,9 a 114,2
> 114,2
53
< 93
93 a 97,3
97,4 a 114,9
> 114,9
54
< 93,4
93,4 a 97,7
97,8 a 115,5
> 115,5
55
< 93,9
93,9 a 98,2
98,3 a 116,1
> 116,1
56
< 94,3
94,3 a 98,7
98,8 a 116,7
> 116,7
57
< 94,7
94,7 a 99,2
99,3 a 117,4
> 117,4
58
< 95,2
95,2 a 99,6
99,7 a 118
> 118
59
< 95,6
95,6 a 100,1
100,2 a 118,6
> 118,6
60
< 96,1
96,1 a 100,6
100,7 a 119,2
> 119,2