quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Quando o Recém-nascido Recebe Alta Médica?

- Segundo uma portaria do Ministério da Saúde, o recém-nascido deve receber alta médica somente após 48 horas de vida (caso esteja tudo bem com sua saúde);
- Além disso, a amamentação ao seio deve estar bem consolidada;
- Não deve ter apresentado icterícia nas primeiras 24 horas de vida;
- De preferência, deve ter evacuado.

Farmacinha do Bebê

- Um pacote de fraldas tamanho RN (recém-nascido);
- Cotonetes (limpar somente a parte externa do ouvido);
- Algodão em bolas;
- Sabonete neutro;
- Álcool 70%;
- Garrafa térmica para água morna: para a higiene da região genital em casa;
- Lenços umedecidos: reservados para a higiene da região genital quando fora de casa;
- Tesoura sem ponta para unhas;
- Pente e escova de cabelos;
- Termômetro;
- Termômetro para banheira;
- Bolsa térmica pequena: para as cólicas;
- Pomada para prevenção de assaduras, soro fisiológico nasal, medicamento antitérmico, medicamento para cólica: seguir os recomendados pelo pediatra.

A Escolha do Pediatra

- A escolha do pediatra, preferencialmente, deve ser feita ANTES de o bebê nascer;
- Levar em consideração a indicação de amigos, parentes ou de outro médico (normalmente o obstetra);
- Não necessariamente o pediatra escolhido atenderá o seu filho na sala de parto;
- Deve transmitir segurança;
- Verificar se o preço da consulta cabe no orçamento;
- De preferência, o consultório deve ser próximo da sua casa;
- Anotar os dias e os horários de atendimento;
- Verificar se o médico possui algum hospital de referência, para o qual a criança deverá ser levada nos casos de emergência;
- Questionar o médico sobre a possibilidade de se tirarem dúvidas pelo telefone e se tais "consultas por telefone" são cobradas;
- Verificar se a personalidade no pediatra atende às necessidades dos pais.

domingo, 20 de março de 2011

Púrpura de Henoch-Schönlein

- É uma vasculite de pequenos vasos com acometimento preferencial pela pele, rins, articulações e trato gastrintestinal;
- Frequentemente se inicia após uma infecção de vias aéreas superiores;
- Manifestações Clínicas: podem aparecer de forma abrupta ou de forma mais lenta (semanas ou meses):
  • Pele: surgem lesões maculopapulares róseas que desaparecem à digitopressão, que progridem para petéquias e púrpuras (pápulas elevadas agrupadas que podem ser vermelhas, roxas ou marrons). As lesões surgem principalmente em couro cabeludo, dorso, nádegas, pés, mãos, pálpebras, lábios e escroto;
  • Artrite: ocorre em 2/3 dos pacientes, em especial em joelhos e tornozelos, dura poucos dias e desaparece sem deixar sequelas;
  • Trato Gastrintestinal: dor abdominal tipo cólica, aumento dos linfonodos mesentéricos, edema e até hemorragia de alça (e em alguns casos perfuração de alça e intussuscepção íleo-ileal). Pode haver hepatoesplenomegalia;
  • Rins: 25 a 50% dos pacientes terá comprometimento renal. Pode ocorrer síndrome nefrítica, nefrótica ou mesmo insuficiência renal aguda. A nefrite costuma aparecer cerca de 1 a 3 semanas após a infecção das vias aéreas superiores.
- Diagnóstico: normalmente é clinico. Pode ocorrer trombocitose, leucocitose e anemia discreta. O VHS está elevado. A confirmação diagnóstica é feita através de biópsia da pele;
- Tratamento: normalmente feito com analgésicos. Em alguns casos, corticoterapia é indicada;
- Prognóstico: tem bom prognóstico.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Doença de Kawasaki: infarto do miocárdio em crianças?

- Também chamada febre faringo-conjuntival-exantemática;
- É uma doença exantemática reumatológica;
- Sua origem é desconhecida, embora estudos recentes apontem uma provável causa infecciosa;
- Mais comum em pacientes asiáticos;
- 80% dos casos ocorrem em menores de 5 anos de idade;
- É uma vasculite necrosante de artérias de vários calibres, com predileção pelas artérias coronárias (que irrigam o coração), podendo levar a complicações cardíacas permanentes e progressivas;
- Apresentação Clínica: existem 4 fases:
  • Fase Aguda (10 dias): febre elevada, que pode durar, sem tratamento, até 4 semanas. Hiperemia (vermelhidão) da conjuntiva ocular bilateral e não exsudativa (não produz "remela"). Língua em morango, eritema (vermelhidão) e fissura em lábios, mas sem ulceração. Eritema e edema em mãos e pés. Rash cutâneo: maculopapular, eritema multiforme ou escarlatiniforme. Linfadenite ("íngua") cervical unilateral e maior do que 1,5cm de diâmetro. Descamação perineal. Ocorre aumento de VHS e do PCR e leucocitose com neutrofilia. Outras: miocardite, pericardite, artrite, hepatite e meningite asséptica;
  • Fase Subaguda (11 a 21 dias): diminuição da febre e dos outros sintomas. Persiste irritabilidade e anorexia. Aneurismas coronarianos podem começar a se desenvolver. Ocorre descamação periungueal e trombocitose;
  • Fase de Convalescência (21 a 60 dias): pode persistir a conjuntivite e a trombocitose. Infartos miocárdicos podem acontecer a partir dessa fase;
  • Crônica (mais de 60 dias): pode haver angina no peito, estenose coronariana e insuficiência miocárdica.
- Diagnóstico: baseado nos critérios abaixo:
  • Febre alta por, no mínimo, 5 dias (critério obrigatório);
  • Mais 4 critérios dos apresentados a seguir: 1. edema e eritema de mãos e pés ou descamação periungueal em 2 a 3 semanas de doença; 2. Rash polimórfico; 3. Conjuntivite bilateral bulbar não exsudativa; 4. Mudanças nos lábios e boca: eritema, fissura, língua em morango; 5. Linfadenopatia cervical;
  • Existe uma forma de apresentação chamada de incompleta ou atípica, em que o paciente não apresenta todos os sintomas acima descritos.
- Laboratório: hemograma (anemia normocítica e normocrômica; leucocitose discreta com predomínio de neutrófilos; aumento do número de plaquetas, podendo atingir mais de 1.000.000/mm cúbicos), aumento de VHS e PCR, piúria estéril, transaminases levemente aumentadas, ecocardiograma (usado para o diagnóstico de aneurismas de artérias coronárias; deve ser realizado na fase aguda e cerca de 2 a 3 semanas após);
- Tratamento: requer internação hospitalar. Normalmente realizado com imunoglobulina venosa e AAS. Em casos graves, pode-se fazer necessário o uso de fibrinolíticos e outros anti-agregantes plaquetários.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sarampo

- Também conhecida como "primeira doença";
- Causada por um vírus;
- Desde a introdução da vacina, em 1963, os casos de sarampo diminuíram drasticamente;
- No Brasil, o sarampo encontra-se erradicado desde o ano 2000. Entretanto, eventualmente surgem casos de sarampo no Brasil, alguns contraídos dentro do país e outros adquiridos no exterior;
- Transmissão: através de pequenas gotículas de secreção respiratória, que ficam viáveis no ar até por uma hora;
- O período de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa seja contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas é de 8 a 12 dias;
- Manifestações Clínicas:
  • Fase Prodrômica (dura de 2 a 4 dias): febre, conjuntivite, fotofobia (intolerância á luz), tosse, enantema. O enantema é caracterizado pelas manchas de Koplik, que estão presentes em cerca de 50 a 70% dos casos. Tratam-se de pequenas manchas brancas com halo avermelhado visualizadas na face interna das bochechas na altura dos dentes pré-molares. Podem disseminar-se pelo palato, lábios e gengivas. Lesões semelhantes podem estar presentes nas conjuntivas e na mucosa vaginal;
Mancha de Koplik. Foto retirada de: http://visualsunlimited.photoshelter.com/image/I0000gpV0cFhI1h0
  • Fase Exantemática (dura cerca de 7 dias): o rash caracteriza-se por lesões maculopapulares avermelhadas que começam na fronte (ao redor da linha de implantação dos cabelos), próximas às orelhas e no pescoço. Dissemina-se então pelo dorso, extremidades, solas dos pés e plantas das mãos. Com o início do rash os outros sintomas começam a diminuir. O doente transmite o sarampo 3 dias ANTES do surgimento do rash e permanece até 4 a 6 dias APÓS;
Foto retirada de: http://lynnp.atlblogs.com/archives/2007_09.html
Foto retirada de: http://www.thehealthblog.net/kids-health/measles-beware/
  • Fase de Recuperação: o rash desaparece seguindo-se fina descamação da pele. A tosse é o último sintoma a desaparecer. Surgem linfadenomegalias ("ínguas").
- Laboratório: redução global da leucometria, mais acentuada de linfócitos. O PCR e VHS são normais, a não ser que haja complicação bacteriana associada;
- Diagnóstico: dosagem de IgM (positiva um a dois dias após surgimento do rash e assim permanece por 1 mês. O aumento de cerca de 4 vezes o título de IgG também auxilia no diagnóstico, e pode ser realizada 2 a 4 semanas após a fase de recuperação. Em alguns casos pode ser necessário o isolamento de partículas virais ou PCR;
- Complicações: pneumonia, bronquiolite, traqueíte, crupe, otite média aguda, rinossinusite, mastoidite, reativação de focos de tuberculose pulmonar, diarréia, vômitos, apendicite, convulsões, encefalite, formas graves do sarampo (sarampo hemorrágico ou sarampo negro), panencefalite esclerosante subaguda (PEES);
- Tratamento: sintomáticos. Imunocomprometidos podem necessitar de antivirais e imunoglobulina;
- Profilaxia: a vacina anti-sarampo pode ser administrada até 72 horas após o contato, no intuito de se evitar a contaminação. Lactentes menores de 6 meses, gestantes, imunocomprometidos e contactantes intradomiciliares suscetíveis podem receber a imunoglobulina.

Observação: no dia 15 de março de 2011 foi confirmado o primeiro caso de sarampo do ano. O paciente, um senhor de 41 anos, morador de Campinas-SP, foi contaminado em viagem à Orlando, nos Estados Unidos, em janeiro passado. A Secretaria de Saúde paulista está convocando para vacinação contra o sarampo as pessoas que vão viajar ao exterior ou a outros estados, caso ainda não tenham sido imunizadas. Além dos viajantes, devem tomar a vacina os profissionais que atuam no setor de turismo, como motoristas de táxi, funcionários de hotéis e restaurantes, e outros que mantenham contato com turistas no estado. Também devem tomar uma dose da vacina profissionais de saúde e de educação. Quem viajou deve ficar atento aos sintomas da doença.

Enteroviroses

- São causadas por vírus, sendo os principais grupos:
  • Poliovirus 1, 2 e 3: não serão descritos aqui porque são os causadores da poliomielite ou paralisia infantil;
  • Coxsackie A e B;
  • Echovirus;
  • Enterovirus.
- São vírus muito comuns e circulam durante todo o ano em países semi-tropicais;
- Transmissão: através das fezes, saliva, secreções respiratórias, fômites, transplacentária ou durante o trabalho de parto;
- O período de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa seja contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 3 a 6 dias;
- Manifestações Clínicas: são muito variáveis, podendo causar desde infecções assintomáticas até quadros graves:
  • Doença Febril Inespecífica: é a forma clínica mais frequente. Comum em lactentes e crianças pequenas. Dura cerca de 7 dias. Manifesta-se por febre alta (39 a 40o.C) durante 3 dias, associada a mal-estar, irritabilidade, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal e sintomas respiratórios. Pode ser acompanhada de rash maculopapular, urticariforme, petequial ou vesicular;
  • Doença Mão-Pé-Boca: febre baixa e presença de vesículas em lábios, gengivas, mucosa jugal, tonsilas faríngeas e palato. Associa-se rash maculopapular, vesicular ou pustular localizados em mãos, pés e nádegas, levemente dolorosos;

Aspecto da mão na Doença Mão-Pé-Boca. Foto retirada de: http://cantinhodaenfermeiraregina.blogspot.com/2010/11/sindrome-mao-pe-boca.html

  • Herpangina: febre alta (até 41o.C), que dura 1 a 4 dias, associada a dor de garganta e dor ao deglutir. Associam-se vesículas ou úlceras (aproximadamente 5 lesões) em orofaringe posterior. Em 25% dos casos, pode haver vômitos e dor abdominal;
  • Manifestações Respiratórias: coriza, obstrução nasal, espirros, dor de garganta e broncoespasmo;
  • Conjuntivite Aguda Hemorrágica: frequente em escolares e adolescentes. Manifesta-se com hiperemia conjuntival, visão borrada, fotofobia (intolerância à luz) e lacrimejamento. Apresenta secreção conjuntival serosa (mucopurulenta quando associada a infecção bacteriana secundária);
  • Miocardite e Pericardite: responsáveis por 25 a 30% dos casos, em especial em adolescentes e adultos jovens. Inicia-se com sintomas respiratórios e posteriormente evolui com fadiga, dispnéia (falta de ar), taquipnéia (aumento da frequência respiratória), dor torácica, arritmias e insuficiência cardíaca congestiva;
  • Manifestações Neurológicas: meningite viral (responsável por 90% dos casos, em especial em menores de 3 meses) e encefalite (responsável por 10 a 20% das encefalites virais).
- Diagnóstico: o da Doença Mão-Pé-Boca é clínico. As demais formas podem necessitar de métodos de cultura viral;
- Prevenção: lavar as mãos e evitar compartilhar utensílios (copos, colheres etc).